A prática de caminhar
Andar é uma prática tão antiga como a existência humana. Hoje em dia, quando apenas é necessário caminhar para um mínimo de tarefas da vida quotidiana, são cada vez mais os que voltam a retomar um contacto estreito com a natureza e aproveitam esses momentos para o reencontro com as pessoas que lhes escapam pouco a pouco. Uma boa caminhada funciona como um espaço ideal para o convívio e reencontro de amigos.
Caminhar como desporto
A vulgar caminhada é o desporto de natureza com maior número de praticantes, talvez porque não haja necessidade de equipamento específico, nem de especial forma física e pode realizar-se em qualquer lugar. Estas características convertem-no numa prática popular, de reduzido impacto sempre que se tem alguma sensibilidade e sentido de responsabilidade.
Fazer um passeio pedestre, de pequena ou grande rota, é perfeitamente compatível com uma série de outras atividades, cuja temática está relacionada com o meio físico que elegemos: a fotografia, o desenho ou pintura, a escrita, a observação de fauna e flora, a cartografia, a investigação de dados históricos, a arqueologia, a etnografia, etc. Desta conjugação resultam os trilhos interpretativos ou temáticos.
Impacto no meio ambiente
Como em tudo, a massificação pode deixar marcas negativas e irreversíveis em zonas mais sensíveis. Sobretudo em determinadas épocas do ano. A nível do solo produz-se uma compactação do horizonte superior orgânico o que reduz a porosidade e consequentemente a infiltração da água e a fertilidade do solo. Aparecem ainda fenómenos erosivos com a proliferação de caminhos paralelos ao original. Em solos húmidos, prados e lagoas o impacto é ainda maior. Ao nível da vegetação, o trânsito de pessoas esmaga pequenas plantas mais sensíveis. Levando ao aparecimento de outras mais resistentes, quase sempre invasoras. Por via da compactação do solo a vegetação passa a dispor de menos água, oxigénio e nutrientes. A nível da fauna, a presença humana faz com que espécies mais sensíveis se mudem de lugar, em busca de novos e estranhos habitats, com reflexo na sua reprodução, fisiologia, hábitos e comportamentos. Outro impacto negativo é o stress causado pelas atividades de observação.
A falta de sensibilidade pode ainda levar ao desrespeito pelos modos de vida das populações, animais e propriedade privada.
Regulamentação
Por outro lado, o Parque Nacional possui regulamentação específica para todas as atividades humanas dentro do seu território. A certificação do Parque Cerdeira como empreendimento de Turismo de Natureza e das suas atividades de animação turística, habilitam-nos a exercer a nossa atividade em conformidade com os valores naturais que nos rodeiam. Refere-se, a título de exemplo, algumas regras importantes:
– as atividades de animação apenas podem ser feitas por empresas certificadas como Turismo de Natureza. Têm também de estar autorizadas à realização da atividade em concreto;
– deve caminhar apenas pelos caminhos e trilhos existentes;
– dentro da área de proteção total só pode caminhar com o nosso guia ou com autorização do PNPG;
– dentro da área de proteção parcial do tipo I, os grupos de caminheiros são no máximo de 10 pessoas;
– dentro da área de proteção parcial do tipo II, os grupos de caminheiros são no máximo de 15 pessoas;
– não pode recolher plantas nem pedras;
– a caça e a pesca estão em regime de concessão.